Acalanto para Deus menino
Juana Inés de la Cruz (1648?-1695)
Se meu Deus nasceu para penar,
Deixem-no velar.
Se está desvelado por mim,
Deixem-no dormir.
Deixem-no velar:
Não há pena em quem ama,
Como não penar.
Deixem-no dormir:
Sono é ensaio da morte
Que um dia há de vir.
Silêncio, que dorme.
Cuidado, que vela.
Não o despertem, não.
Sim, despertem-no, sim.
Deixem-no dormir.
Deixem-no velar.
(Trad. Manuel Bandeira)